Nos primórdios do actual conceito de e-learning está outro conceito bastante mais antigo: o ensino à distância. Esta forma de ensino é conhecida desde o século XIX quando a revolução industrial, os progressos sociais e a tendência para a melhoria das condições de vida da população em geral, cada vez mais urbanizada, trouxeram um maior interesse pela aquisição de conhecimentos e pela melhoria do nível cultural dos indivíduos. Um dos primeiros marcos na evolução do ensino à distância é considerado o curso por correspondência de estenografia ministrado por Isaac Pitman, na Grã Bretanha, em 1837. O desenvolvimento tecnológico e o aparecimento de novas oportunidades no mercado de trabalho levaram também a uma procura de formas de desenvolvimento de competências para o exercício dessas profissões. As propostas de ensino à distância, não formais e olhadas pelo sistemas de ensino oficiais como pouco credíveis, constituíram-se como uma das formas de fazer chegar a inúmeros interessados os conhecimentos que estes, de outra forma não teriam acesso. Essa situação devia-se na maior parte das vezes a impossibilidade física de obter essa formação de forma presencial por questões de distância ou de horários. O ensino à distância surgiu assim como uma forma de suprir as lacunas do ensino presencial.
A concretização do ensino à distância foi inicialmente conseguida através dos conhecidos cursos por correspondência, onde o aluno recebia, através do correio postal, os conteúdos dos seus cursos. O ensino à distância beneficiou aqui dos progressos entretanto ocorridos nos serviços postais e nos meios e vias de comunicação que facilitaram e aceleraram a troca de correspondência.
A evolução destas primeiras formas de ensino à distância seguiu a evolução dos meios de comunicação que sofreram uma forte aceleração no século XX. O aparecimento da rádio, da televisão e do videotexto, das cassetes áudio e vídeo, a generalização do uso de computadores, o aparecimento dos discos compactos (CD), entre outros, foram contribuindo para a evolução e aperfeiçoamento dos sistemas de ensino à distância. Estes, à custa dessa evolução e aperfeiçoamento foram também adquirindo um estatuto de maior respeitabilidade pelos sistemas de ensino oficiais que se foram apercebendo do potencial desta forma de ensino. Exemplos são o Projecto Minerva , no Brasil (início na década de setenta do século XX), destinado à educação de adultos, que usava a rádio como meio de transmissão, ou o sistema Telescola em Portugal (iniciado nos anos sessenta do século XX), que recorria à televisão e era destinado ao ensino oficial até ao sexto ano de escolaridade e dirigido a crianças em zonas mais remotas do país.
O aparecimento das universidades abertas, nos finais dos anos sessenta do século XX, criadas exclusivamente para o ensino à distância, com apoio estatal, credibilizaram ainda mais esta forma de ensino conferindo-lhe ainda o estatuto de aplicação ao nível máximo de ensino formal, o ensino superior. Nas universidades abertas, como por exemplo na Open University do Reino Unido, o ensino à distância é efectuado recorrendo a materiais diversos como livros e outros documentos em papel, cassetes de áudio e vídeo, programas de televisão, materiais em suporte digital (CD, DVD ou acessíveis on-line), etc. Rapidamente, o modelo da Open University foi adoptado noutros países, caso da Universidad Nacional de Educación a Distancia em Espanha, criada em 1972 ou da Universidade Aberta em Portugal, criada em 1988. Nos Estados Unidos da América foram as próprias universidades tradicionais a criar departamentos de ensino à distância.
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