Sunday, March 21, 2010

Net Generation

As estatísticas oficiais, citadas no relatório final do projecto EU Kids Online indicam que, em 2008, 75% das crianças de países da União Europeia, entre os 6 e os 17 anos, são utilizadores da Internet. O crescimento em número de utilizadores tem-se registado sobretudo na faixa etária entre os 6 e os 10 anos (60% de utilizadores em 2008). Segundo as mesmas estatísticas, em 2008, verificou-se uma semelhança entre o número de pais e o número de filhos que usavam a Internet, contrariando a tendência anterior em que prevalecia a utilização por parte do filhos (85% dos pais de crianças entre os 6 e os 17 anos tinham já usado a Internet).

A realidade dos Estados Unidos da América não é muito diferente. Um estudo publicado em Janeiro de 2010, Generation M2: Media in the Lives of 8-to 18 Year-Olds revela a realidade da exposição aos media da população deste país na faixa etária entre o 8 e os 18 anos (a informação recolhida é relativa a 2009). Um dos resultados deste estudo aponta para uma exposição de mais de 7,5 horas diárias (7 dias por semana) a diferentes media (televisão, música e audio, computador, jogos electrónicos, documentos impressos e filmes). Dada a capacidade multitarefa dos jovens, com o uso simultâneo de mais do que um media, essa exposição estende-se a 10 horas e 45 minutos diários. O estudo aponta o aumento significativo no uso de computadores e equipamentos móveis (66% possuem telefone móvel). O acesso à Internet a partir de casa, constituído em grande parte por acesos de banda larga, verifica-se para 85% da população-alvo.


O uso do computador e dos telefones móveis, têm lugar de destaque de entre os meios utilizados. No que respeita à utilização do computador e da Internet as actividades com maior percentagem de utilização são o acesso a redes sociais como o Facebook e o MySpace e a visualização de vídeos em sites como o YouTube.

O site do OnlineFamily.Norton, da empresa norte-americana Symantec apresenta ainda os temas de pesquisa mais populares, em 2009, por parte de crianças e jovens. Não são fornecidos dados sobre a origem da população do estudo efectuado mas supõe-se que os dados digam respeito aos EUA.


Dos resultados apresentados na figura é de realçar a presença do YouTube no topo das pesquisas dos três grupos estários considerados (que volta a surgir noutras posições da tabela com ligeiras alterações no nome). Destaca-se também a presença de redes sociais no topo das pesquisas.

Estes dados permitem concluir que a população de idade inferior a 18 anos dos países envolvidos no estudo convive diariamente com diversos meios tecnológicos, gastando com eles uma parte significativa do seu dia. O uso do computador e dos telefones móveis, têm lugar de destaque de entre os meios utilizados.

Esta geração é conhecida por “Net generation” ou “generation Y”: pessoas nascidas entre o início dos anos 80 do século XX e o início do século XXI, que cresceram sob a influência da tecnologia e com grande familiaridade com o uso de diversos media, tecnologias digitais e meios de comunicação. Estes novos utilizadores são também designados por Stephen Downes como “nativos digitais”.

Saturday, March 20, 2010

Entrevista com Tim Berners-Lee

Entrevista publicada hoje no Times OnLine com Tim Berners-Lee:

Sir Tim Berners-Lee: the quiet guru who invented the world wide web

He invented the web, he says, because he was frustrated that he couldn’t find all the information he wanted in one place.

Does he think the internet is rewiring children’s brains? “I don’t think we know yet,” he replies. “Finding the answer to a question like that is not simple, you have to do huge experiments, you have to follow people for a long time. “And you can’t just think about computer sciences, you need a psychologist to do an analysis of the child, you need sociologists to look at the types of culture that is being produced, then you need a philosopher to ask whether that is a good thing.”

“Too many people forget that just because you can read anything it doesn’t mean you have to read everything,”


"... The web only happened because everyone pulled together.”

Wednesday, March 17, 2010

Da Origem da Internet à Web 1.0

Internet pode ser definida como um sistema à escala mundial que interliga redes e computadores ou, numa perspectiva mais técnica, uma rede que interliga diferentes redes e computadores que comunicam usando os protocolos TCP/IP. Nos meios relacionados com a Internet, a sua origem é atribuída a um projecto de natureza militar desenvolvido com o objectivo de criar uma rede de comunicação com capacidade de resistir a um ataque nuclear. Esta teoria é contrariada por algumas fontes, mas é consensual a existência de uma rede designadada por ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network) criada por um um organismo ligado ao departamento de defesa norte-americano em 1969. Esta primeira rede interligava originalmente quatro nós. A rede cresceu integrando nós em diversas universidades norte-americanas e institutos de investigação.

O símbolo @, associado ao serviço de correio electrónico, passou a ser usado a partir de 1972. Os protocolos TCP/IP (Transfer Control Protocol / Internet Protocol) surgem em 1974. Por volta desta altura a rede passa a ser designada por Internet Nos anos seguintes são desenvolvidos diversos outros protocolos como o DNS (Domain Name System) de 1984.

Nos anos 80 do século XX surgem os primeiros computadores pessoais e, mais tarde, os modems. A comunicação em rede era restrita, a informação circulava em formato de texto ou em formato binário e os utilizadores existiam sobretudo no meio académico dos EUA. O correio electrónico começa a ganhar popularidade entre estes utilizadores. No final da década de 80,o número de países com ligação à Internet aumenta podendo-se começar a falar numa rede à escala mundial.

A grande explosão da Internet, a diversos níveis, ocorre em 1990 quando um investigador do CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire, actualmente Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire ), Tim Berners-Lee cria o protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol). O CERN lança a World Wide Web também conhecida com o acrónimo WWW, W3 ou, simplesmente, Web.

A WWW é na verdade um novo serviço sobre a infraestrutura já existente da Internet. Com este novo serviço, surgem os primeiros navegadores da Internet (browsers), como o Mosaic que mais tarde daria origem ao Netscape Navigator. Ao longo do resto década regista-se um crescimento exponencial de utilização da Internet que deixa de estar restrita ao mundo académico para passar a estar presente também no mundo empresarial e também com a possibilidade de acesso doméstico. São lançados novos navegadores e surgem os motores de busca. As empresas e organizações começam a ter presença na web, seja porque sentem essa necessidade e estão conscientes das oportunidades seja por simples adesão a um fenómeno de moda. São criadas empresas cujo negócio assenta na totalidade na Internet. A expressão “Nova Economia” é usada para designar estas novas empresas e a forma como a Internet iria alterar o modo de fazer negócios, em que nada seria como dantes.

A euforia da Nova Economia leva a que grandes investidores apostem nas novas empresas da Internet na convicção que o seu grande potencial de valorização se viria a concretizar. Uma empresa cujo nome tivesse o prefixo “e” ou o sufixo “.com” é de imediato associada a grandes rendibilidades futuras. Mesmo empresas já existentes começam a colocar “.com” no final do seu nome ou a criar subsidiárias com nomes que o incluam. O índice das empresas tecnológicas da bolsa de Nova Iorque (NASDAQ) ganha destaque e as operações de bolsa com as empresas tecnológicas atingem valores elevados. Este periodo ficou conhecido por “dot com bubble” (a bolha das .com, entre 1995 e 2001) devido à forma gráfica da evolução do índice NASDAQ. Este índice atinge o seu máximo em 10 de Março de 2000 (5.048,62 pontos) entrando de seguida numa queda abrupta. Existem várias explicações para esta correcção que provocou o fim deste período de euforia. As novas empresas tecnológicas implicaram nalguns casos investimentos elevados, sem lucros nos primeiros anos e apenas com uma promessa de ganhos futuros. Muitas empresas fizeram também correcções face às despesas que o então temido problema do ano 2000 implicou (Y2K). De uma forma geral, havia a consciência por parte dos investidores que as novas empresas tecnológicas estavam sobrevalorizadas. Os atentados terroristas em Nova York em 11 de Setembro de 2001, com a consequente instabilidade gerada na ordem mundial, puseram um fim definitivo no entusiasmo que a Nova Economia tinha gerado.

O período de incerteza que se vivia em finais de 2001 não impediu a Apple de lançar, em Outubro desse ano, um produto de sucesso: o iPod, um leitor portátil de audio e video.

Os primeiros anos deste século, após a correcção que o fim da bolha das .com implicou, revelaram sobretudo preocupações com a segurança na Internet. Ocorreram diversos ataques de vírus informáticos e a cada vez maior dependência da Internet para empresas, organizações e para os próprios estados colocaram o foco na segurança informática. As empresas sobreviventes da Nova Economia, como a Amazon ou o eBay, atingiam cada vez maior notoriedade apesar de muitas não apresentarem lucros. Novas empresas com negócios assentes da Internet continuavam a surgir, embora de forma mais discreta.


Nestes anos dicutiam-se fenómenos como a distribuição gratuita de música em redes P2P (peer-to-peer) e as questões legais que isso implicava. A tecnologia de redes continuou a evoluir rapidamente generalizando-se os acessos de banda larga e as redes sem fios. O acesso à Internet passa a ser também possível a partir de telemóveis e de PDAs. Começam a aumentar as vendas de computadores portáteis. A meio da primeira década deste século e apesar das contrariedades dos dois primeiros anos, a Internet era uma realidade presente em quase todo o mundo. Esta realidade, ubíqua e generalizada, estava presente na forma como as pessoas se relacionavam, faziam negócios, estudavam e contactavam com os seus governos.

Estas mudanças fechavam um capítulo da história da Internet, o da Web 1.0 e iniciavam o capítulo da Web 2.0.

Sunday, March 14, 2010

Normas e Standards para E-learning

O desenvolvimento da indústria de soluções para e-learning, surgindo diversos fabricantes, implicou a necessidade de definir normas e especificações para esses produtos. No essencial, as normas pretendem assegurar a portabilidade de conteúdos e a interoperabilidade entre palataformas. Surgiram assim diversas organizações, públicas e privadas, que produzem normas e especificações técnicas na área do e-learning. Algumas das organizações mais importantes são apresentadas a seguir.

SCORM
SCORM é um acrónimo para “Sharable Content Object Reference Model” e designa um conjunto de especificações técnicas que são um standard de facto na área do software de e-learning, adoptado desde 2001 por entidade públicas e privadas. Estas especificações estiveram a cargo do grupo de investigação ADL (Advanced Distributed Learning) ligado ao departamento de defesa dos EUA (DoD). A parte da designação destas especificações, “Reference Model”, indica que estas especificações não são exactamente uma norma mas sim referências para normas existentes (AICC, IMS e IEEE LTSC). As especificações SCORM indicam como essas normas devem ser utilizadas em conjunto. A restante parte da designação, ““Sharable Content Object” (SCO) indica o equivalente nas especificações SCORM a um Objecto de Aprendizagem (Learning Object) reutilizável.

A norma SCORM tem como objectivo principal garantir a interoperabilidade entre plataformas de software de e-learning (p.e. os Learning Management Systems), ou seja, a forma como estas plataformas comunicam entre si e a forma como os conteúdos (os SCO) podem ser partilhados e reutilizados por diferentes plataformas. Assim, estas normas destinam-se a programadores que desenvolvem essas plataformas de software e produzem SCOs. A norma envolve portanto aspectos técnicos não referindo aspectos pedagógicos dos conteúdos nem questões relacionadas com a forma como os conteúdos são apresentados.

As especificações da norma SCORM estão repartidas por um conjunto de três livros técnicos (sub-especificações):
• Content Aggregation Model (CAM) - baseado em XML, está relacionado com a forma como os conteúdos são estruturados e empacotados;
• Sequencing and Navigation (SN) - também baseado em XML, define a forma de navegação através dos conteúdos;
• Run-Time Environment (RTE) - desenvolvido em JavaScript, define a forma como os conteúdos se relacionam com as plataformas de software.

Ao longo da sua existência a norma SCORM conheceu já várias versões sendo as mais relevantes, ainda em uso, a SCORM 1.2 (Outubro de 2001) e a SCORM 2004. Está previsto o lançamento da versão SCORM 2.0.

Editores SCORM: RELOAD e EXE


AICC
As especificações AICC são pioneiras no que diz respeito a normas sobre e-learning, existindo desde a década de 80 do século passado. A AICC (Aviation Industry CBT Comitee) é uma associação internacional de profissionais envolvidos em actidades de formação envolvendo tecnologia. Apesar de ligada à indústria da aviação os seus objectivos vão para além deste sector de actividade. Desses objectivos destaca-se o estabelecimento de directivas que permitam a interoperabilidade entre plataformas de software. A AICC é responsável por uma das primeiras especificações a ser adoptada para garantir a interoperabilidade entre conteúdos de e-learning e os LMS: CMI Guidelines for Interoperability. O RTE do SCORM é baseado nas especificações AICC. As normas AICC são ainda usadas, sobretudo quando interoperabilidade é assegurada por HTTP (Hypertext Transfer Protocol).

IMS
A IMS (IMS Global Learning Consortium em que IMS é um acrónimo de Instructional Management Systems) é uma organização que produz diversas especificações tendo contribuído para dois dos livros do SCORM (CAM e SN). A especificação designada por Common Cartridge (de Outubro de 2008) apresenta-se como um concorrente directo do SCORM. Existe inclusivamente um litígio entre a ADL e a IMS relativa a direitos de propriedade intelectual. No entanto, a IMS Common Cartridge é considerada mais adequada a produtos destinados ao mercado do ensino superior enquanto que a especificação SCORM se destinará mais ao mercado da formação profissional. A especificação IMS Content Packaging (a sua versão mais recente é a v1.2 Public Draft v2.0 ), descreve as estruturas de dados necessárias para a troca de informação entre sistemas. Esta especificação o reconhecimento como norma pela ISO/IEC (International Organization for Standartization). Esta organização possui um grupo dedicado à produção e estudo de normas na área da educação e formação profissional, o JTC1/SC36 - Information Technology for Learning, Education and Training , com trabalho de interesse para a área do e-learning.

IEEE LTSC
O IEEE LTSC (IEEE Learning Technologies Standartization Committee) do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) produz também especificações na área do e-learning. É de destacar a sua definição de um Objecto de Aprendizagem (Learning Object): qualquer entidade, digital ou não digital que pode ser usada, reusada ou referenciada durante um processo de aprendizagem suportado por tecnologia . Existem outras definições, como por exemplo a proposta por David Wiley: um Objecto de Aprendizagem é qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para apoiar a aprendizagem. Sobre as especificações produzidas pela IEEE LTSC pode-se destacar a norma IEEE 1484.12.1 – 2002 Standard for Learning Object Metadata onde é apresentada a definição de Learning Object. A título de curiosidade, refira-se que a autoria do termo Learning Object é atribuída a Wayne Hodgins , um consultor da Autodesk.

LETSI
A LETSI (The International Federation for Learning, Education, and Training Systems Interoperability) é uma organização não-governamental que intervem na área da educação e da formação profissional. Foi criada com o objectivo de assumir o controlo sobre as especificações SCORM. Esse objectivo não foi ainda atingido mas a organização está activa na definição de normas para o uso de tecnologias no ensino e na formação.

Tuesday, March 09, 2010

E-learning: Vantagens e Desvantagens

O e-learning assume um papel cada vez maior no ensino e na formação profissional. A rápida evolução tecnológica, em particular no sector das telecomunicações, colocou o e-learning a assumir um papel de cada vez maior destaque. Actualmente, muitas empresas asseguram a formação dos seus quadros através de sistemas de e-learning e mesmo os vários níveis de ensino oficial, desde o ensino básico ao ensino superior, têm vindo a reconhecer as potencialidades do e-learning e do ensino assistido por computador. No entanto, o uso das tecnologias no ensino e na formação não apresenta apenas vantagens. Existem ainda dificuldades ao nível da implementação e da utilização do e-learning. Assim, podem ser enunciadas as seguintes vantagens e desvantagens do e-learning, quer para as organizações que o disponibilizam quer para os alunos ou formandos que o utilizam:

Vantagens
• Rápida actualização de conteúdos;
• Possibilidade de oferecer conteúdos personalizados a cada aluno;
• Flexibilidade nas formas de acesso a conteúdos evitando deslocações;
• Horários de utilização do sistema adequados a cada aluno;
• O aluno pode definir o seu ritmo de aprendizagem;
• Conteúdos permanentemente disponíveis;
• Aumenta a auto-confiança e o sentido de responsabilidade dos alunos que passam a ser gestores da sua aprendizagem;
• Custos menores quando comparados à formação convencional;
• Vantagens de economia de escala: um maior número de alunos pode aceder aos mesmos conteúdos em simultâneo;
• Permite alargar a oferta de formações;
• Menores custos relativamente à formação presencial.

Desvantagens
• Dificuldades ainda existentes na utilização das tecnologias de informação e comunicação (iliteracia digital);
• Inexistência de interacção presencial entre alunos e entre alunos e professores dificulta a socialização e a criação de vínculos relacionais;
• Maior responsabilidade colocada sobre o aluno que tem de ser mais autónomo e disciplinado na forma como acompanha os conteúdos pode ser uma desvantagem para aqueles que não tenham bons hábitos de estudo;
• A criação de conteúdos é mais demorada e segue critérios diferentes dos exigidos na formação presencial;
• Limitações a nível social e afectivo devido à ausência de interacção presencial e troca directa de experiências entre professor e aluno e entre alunos provocando sensação de isolamento;
• Limitações ainda existentes a nível tecnológico sobretudo no que diz respeito à largura de banda das comunicações;
• Limitações no ensino de matérias que envolvam uma forte componente prática ou laboratorial.

Sunday, March 07, 2010

Ferramentas de E-learning

A adopção do e-learning por diversas organizações ligadas aos sistemas de ensino oficiais (desde o ensino básico ao ensino superior) e por empresas para dar formação aos seus funcionários, levou ao aparecimento de diversas ferramentas de software. Estas ferramentas destinam-se sobretudo à gestão dos recursos envolvidos no ensino e à produção de conteúdos. Destacam-se assim os sistemas de gestão de ensino (LMS – Learning Management Systems), os sistemas de gestão da produção de conteúdos (LCMS – Learning Content Management Systems) e os ambientes de ensino virtuais (VLE – Virtual Learning Environments). Estas duas últimas designações dizem respeito a sistemas de produção de conteúdos. Existem também sistemas referidos como sistemas de gestão de cursos (CMS – Course Management System). A distinção entre todas estas designações nem sempre é clara e muitas vezes são usadas como sinónimas. As designações têm também sofrido evolução ao longo do tempo. A seguir apresenta-se uma lista de outras designações que têm sido utilizadas para as plataformas de e-learning:

• Computer Assisted Instruction (CAI)
• Computer Based Training (CBT)
• Computer Managed Instruction (CMI)
• Integrated Learning Systems (ILS)
• Interactive Multimedia Instruction (IMI)
• Technology Based Learning (TBL)
• Technology Enhanced Learning (TEL)
• Web Based Training (WBT)
• On Demand Training (ODT)

A seguir é apresentada uma definição mais detalhada de cada um dos dois grandes grupos de sistemas de e-learning normalmente considerados:

LMS – Learning Management System: designam as ferramentas de software que permitem efectuar a gestão de um conjunto de ferramentas de e-learning. Um LMS pode ser entendido como uma plataforma on-line para a montagem e utilização de um curso, uma determinada matéria ou uma disciplina. No essencial, a plataforma é usada pelo professor, que disponibiliza e gere os conteúdos e pelos alunos que acedem a esses conteúdos. Podem existir outras características como a possibilidade de personalizar conteúdos de acordo com diferentes perfis de utilização, uma gestão centralizada de vários cursos ou matérias e funcionalidades para avaliação do trabalho e conhecimentos dos alunos. Em [17] é apresentado um guia de escolha de um LMS, referindo as principais soluções existentes no mercado, assim como algumas soluções baseadas em software livre. Alguns dos LMS mais populares são Moodle, WebCT (actualmente Blackboard Learn), Dokeos, Claroline ou Sakai.

LCMS – Learning Content Management System: designam as ferramentas destinadas ao desenvolvimento, gestão e publicação de conteúdos que serão disponibilizados por um LMS. Estes sistemas são normalmente plataformas multiutilizador onde vários autores de conteúdos podem criar, armazenar, reutilizar, gerar e distribuir conteúdos digitais. Estes conteúdos digitais são armazenados num repositório. As unidades autonomas de conteúdos digitais são designadas por Objectos de Aprendizagem (Learning Objects). Como exemplos de LCMS podem-se indicar o KnowledgePresenter ou o aTutor .

Uma lista de ferramentas de e-learning, organizada pela sua popularidade é mantida pelo Centre for Learning & Performance Technologies. Muitas das plataformas existentes (cerca de 50) são de código aberto (open source). Existem ainda diversas plataformas proprietárias.

Ainda relacionado com o software para e-learning podem-se considerar outras ferramentas como o software de autor (authoring tools ). As ferramentas de autor, que não existam exclusivamente para a geração de conteúdos para e-learning, são usadas para a criação de conteúdos para distribuição a utilizadores finais. São consideradas nesta categoria aplicações como o conhecido Powerpoint da Microsoft ou programas como ToolBook , Director ou Authorware . As ferramentas de autor para serem classificadas de facto como ferramentas para geração de conteúdos para e-learning deverão respeitar as normas e standards (ver secção seguinte) e permitir a distribuição dos conteúdos gerados na web. Como exemplos de software de autor vocacionado para o e-learning podem-se destacar o EasyProf ou o eXeLearning.

A Evolução do Ensino à Distância

Nos primórdios do actual conceito de e-learning está outro conceito bastante mais antigo: o ensino à distância. Esta forma de ensino é conhecida desde o século XIX quando a revolução industrial, os progressos sociais e a tendência para a melhoria das condições de vida da população em geral, cada vez mais urbanizada, trouxeram um maior interesse pela aquisição de conhecimentos e pela melhoria do nível cultural dos indivíduos. Um dos primeiros marcos na evolução do ensino à distância é considerado o curso por correspondência de estenografia ministrado por Isaac Pitman, na Grã Bretanha, em 1837. O desenvolvimento tecnológico e o aparecimento de novas oportunidades no mercado de trabalho levaram também a uma procura de formas de desenvolvimento de competências para o exercício dessas profissões. As propostas de ensino à distância, não formais e olhadas pelo sistemas de ensino oficiais como pouco credíveis, constituíram-se como uma das formas de fazer chegar a inúmeros interessados os conhecimentos que estes, de outra forma não teriam acesso. Essa situação devia-se na maior parte das vezes a impossibilidade física de obter essa formação de forma presencial por questões de distância ou de horários. O ensino à distância surgiu assim como uma forma de suprir as lacunas do ensino presencial.
A concretização do ensino à distância foi inicialmente conseguida através dos conhecidos cursos por correspondência, onde o aluno recebia, através do correio postal, os conteúdos dos seus cursos. O ensino à distância beneficiou aqui dos progressos entretanto ocorridos nos serviços postais e nos meios e vias de comunicação que facilitaram e aceleraram a troca de correspondência.
A evolução destas primeiras formas de ensino à distância seguiu a evolução dos meios de comunicação que sofreram uma forte aceleração no século XX. O aparecimento da rádio, da televisão e do videotexto, das cassetes áudio e vídeo, a generalização do uso de computadores, o aparecimento dos discos compactos (CD), entre outros, foram contribuindo para a evolução e aperfeiçoamento dos sistemas de ensino à distância. Estes, à custa dessa evolução e aperfeiçoamento foram também adquirindo um estatuto de maior respeitabilidade pelos sistemas de ensino oficiais que se foram apercebendo do potencial desta forma de ensino. Exemplos são o Projecto Minerva , no Brasil (início na década de setenta do século XX), destinado à educação de adultos, que usava a rádio como meio de transmissão, ou o sistema Telescola em Portugal (iniciado nos anos sessenta do século XX), que recorria à televisão e era destinado ao ensino oficial até ao sexto ano de escolaridade e dirigido a crianças em zonas mais remotas do país.
O aparecimento das universidades abertas, nos finais dos anos sessenta do século XX, criadas exclusivamente para o ensino à distância, com apoio estatal, credibilizaram ainda mais esta forma de ensino conferindo-lhe ainda o estatuto de aplicação ao nível máximo de ensino formal, o ensino superior. Nas universidades abertas, como por exemplo na Open University do Reino Unido, o ensino à distância é efectuado recorrendo a materiais diversos como livros e outros documentos em papel, cassetes de áudio e vídeo, programas de televisão, materiais em suporte digital (CD, DVD ou acessíveis on-line), etc. Rapidamente, o modelo da Open University foi adoptado noutros países, caso da Universidad Nacional de Educación a Distancia em Espanha, criada em 1972 ou da Universidade Aberta em Portugal, criada em 1988. Nos Estados Unidos da América foram as próprias universidades tradicionais a criar departamentos de ensino à distância.