O desenvolvimento da indústria de soluções para e-learning, surgindo diversos fabricantes, implicou a necessidade de definir normas e especificações para esses produtos. No essencial, as normas pretendem assegurar a portabilidade de conteúdos e a interoperabilidade entre palataformas. Surgiram assim diversas organizações, públicas e privadas, que produzem normas e especificações técnicas na área do e-learning. Algumas das organizações mais importantes são apresentadas a seguir.
SCORMSCORM é um acrónimo para “Sharable Content Object Reference Model” e designa um conjunto de especificações técnicas que são um standard de facto na área do software de e-learning, adoptado desde 2001 por entidade públicas e privadas. Estas especificações estiveram a cargo do grupo de investigação
ADL (Advanced Distributed Learning) ligado ao departamento de defesa dos EUA (DoD). A parte da designação destas especificações, “Reference Model”, indica que estas especificações não são exactamente uma norma mas sim referências para normas existentes (AICC, IMS e IEEE LTSC). As especificações SCORM indicam como essas normas devem ser utilizadas em conjunto. A restante parte da designação, ““Sharable Content Object” (SCO) indica o equivalente nas especificações SCORM a um Objecto de Aprendizagem (Learning Object) reutilizável.
A norma SCORM tem como objectivo principal garantir a interoperabilidade entre plataformas de software de e-learning (p.e. os Learning Management Systems), ou seja, a forma como estas plataformas comunicam entre si e a forma como os conteúdos (os SCO) podem ser partilhados e reutilizados por diferentes plataformas. Assim, estas normas destinam-se a programadores que desenvolvem essas plataformas de software e produzem SCOs. A norma envolve portanto aspectos técnicos não referindo aspectos pedagógicos dos conteúdos nem questões relacionadas com a forma como os conteúdos são apresentados.
As especificações da norma SCORM estão repartidas por um conjunto de três livros técnicos (sub-especificações):
• Content Aggregation Model (CAM) - baseado em XML, está relacionado com a forma como os conteúdos são estruturados e empacotados;
• Sequencing and Navigation (SN) - também baseado em XML, define a forma de navegação através dos conteúdos;
• Run-Time Environment (RTE) - desenvolvido em JavaScript, define a forma como os conteúdos se relacionam com as plataformas de software.
Ao longo da sua existência a norma SCORM conheceu já várias versões sendo as mais relevantes, ainda em uso, a SCORM 1.2 (Outubro de 2001) e a SCORM 2004. Está previsto o lançamento da versão SCORM 2.0.
Editores SCORM:
RELOAD e
EXEAICCAs especificações AICC são pioneiras no que diz respeito a normas sobre e-learning, existindo desde a década de 80 do século passado. A
AICC (Aviation Industry CBT Comitee) é uma associação internacional de profissionais envolvidos em actidades de formação envolvendo tecnologia. Apesar de ligada à indústria da aviação os seus objectivos vão para além deste sector de actividade. Desses objectivos destaca-se o estabelecimento de directivas que permitam a interoperabilidade entre plataformas de software. A AICC é responsável por uma das primeiras especificações a ser adoptada para garantir a interoperabilidade entre conteúdos de e-learning e os LMS:
CMI Guidelines for Interoperability. O RTE do SCORM é baseado nas especificações AICC. As normas AICC são ainda usadas, sobretudo quando interoperabilidade é assegurada por HTTP (Hypertext Transfer Protocol).
IMSA
IMS (IMS Global Learning Consortium em que IMS é um acrónimo de Instructional Management Systems) é uma organização que produz diversas especificações tendo contribuído para dois dos livros do SCORM (CAM e SN). A especificação designada por Common Cartridge (de Outubro de 2008) apresenta-se como um concorrente directo do SCORM. Existe inclusivamente um litígio entre a ADL e a IMS relativa a direitos de propriedade intelectual. No entanto, a IMS Common Cartridge é considerada mais adequada a produtos destinados ao mercado do ensino superior enquanto que a especificação SCORM se destinará mais ao mercado da formação profissional. A especificação IMS Content Packaging (a sua versão mais recente é a v1.2 Public Draft v2.0 ), descreve as estruturas de dados necessárias para a troca de informação entre sistemas. Esta especificação o reconhecimento como norma pela ISO/IEC (International Organization for Standartization). Esta organização possui um grupo dedicado à produção e estudo de normas na área da educação e formação profissional, o JTC1/SC36 - Information Technology for Learning, Education and Training , com trabalho de interesse para a área do e-learning.
IEEE LTSCO
IEEE LTSC (IEEE Learning Technologies Standartization Committee) do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) produz também especificações na área do e-learning. É de destacar a sua definição de um Objecto de Aprendizagem (
Learning Object): qualquer entidade, digital ou não digital que pode ser usada, reusada ou referenciada durante um processo de aprendizagem suportado por tecnologia . Existem outras definições, como por exemplo a
proposta por David Wiley: um Objecto de Aprendizagem é qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para apoiar a aprendizagem. Sobre as especificações produzidas pela IEEE LTSC pode-se destacar a norma IEEE 1484.12.1 – 2002 Standard for Learning Object Metadata onde é apresentada a definição de Learning Object. A título de curiosidade, refira-se que a autoria do termo Learning Object é atribuída a
Wayne Hodgins , um consultor da Autodesk.
LETSIA
LETSI (The International Federation for Learning, Education, and Training Systems Interoperability) é uma organização não-governamental que intervem na área da educação e da formação profissional. Foi criada com o objectivo de assumir o controlo sobre as especificações SCORM. Esse objectivo não foi ainda atingido mas a organização está activa na definição de normas para o uso de tecnologias no ensino e na formação.