A classificação dos indivíduos em gerações é alvo de polémica não sendo consensual o verdadeiro significado e importância da sua aplicação (ver, por exemplo, Is There a Net Gener in the House? Dispelling a Mystification). No entanto, a sua utilização tem-se vindo a generalizar. Em particular, no que diz respeito à educação existe uma tendência geral para dividir os indivíduos entre aqueles que nasceram e cresceram antes da massificação do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), a cujo grupo pertencem grande parte dos educadores actuais, e aqueles que nasceram ou que passaram uma parte significativa da sua vida escolar num contexto de uso mais ou menos generalizado das TIC (onde encontra uma vasta maioria dos estudantes actuais). Os videojogos são considerados como uma parte dessa realidade tecnológica embora a exposição mais generalizada dos individuos aos videojogos (desde a década de 1960) seja anterior à exposição às TIC que teve maior expressão a partir da última década do século XX.
Para além desta classificação habitual em função do período de nascimento dos indivíduos, David White propôs em 2008 outra classificação em função do perfil de utilização da web, relacionada também com as diferentes formas de acesso. Nesta classificação, os utilizadores da Internet são classificados em visitantes e residentes.
Um visitante é um utilizador de aplicações em linha, que pode mesmo fazê-lo com um nível de sofisticação elevado, mas que evita criar uma identidade digital, normalmente por questões de privacidade. Os utilizadores com este perfil, entra em linha, fazem o que têm a fazer e desligam-se de seguida, evitando deixar traços da sua passagem na web. Os visitantes, independentemente de apresentarem níveis de literacia digital elevados, não são utilizadores intensivos das aplicações típicas da Web 2.0, nem fazem parte de redes sociais simplesmente porque não sentem necessidade de o fazer. Para estes utilizadores a web é apenas uma colecção de ferramentas.
Os residentes, por sua vez, “vivem” em linha. O sensação de pertença a uma comunidade virtual é importante para este perfil de utilização, sendo em geral utilizadores de redes sociais e de aplicações de partilha de conteúdos.
Mais do que uma questão de idade ou de competências no uso da tecnologia, a divisão entre estes grupos existe ao nível da motivação (“It’s not about academic or technical skills, it´s about culture and motivation”). Segundo White, a distinção entre nativos e imigrantes digitais de Mark Prensky é vista essencialmente ao nível de um conflito de gerações (“older people just don’t understand this stuff”). Sendo os professores imigrantes digitais e os seus alunos nativos digitais gera-se nos primeiros o desconforto de não serem capazes de acompanhar a maior desenvoltura dos segundos no que ao uso da tecnologia diz respeito.
Na classificação proposta por David White, não existe uma fronteira clara entre visitantes e residentes mas sim um contínuo, ou seja, cada utilizador pode posicionar-se em diferentes pontos desse contínuo, mais “residente” ou mais “visitante”. Esse posicionamento pode ainda variar para o mesmo utilizador, em função do contexto: institucional ou não institucional. Assim, um mesmo indivíduo pode ser um residente quando usa aplicações em linha numa perspectiva institucional, em contexto profissional, e um visitante no que toca a uma utilização não institucional, no contexto da sua vida pessoal. Na perspectiva de White, a questão geracional pode colocar-se na forma como se encara a privacidade, sendo os indivíduos mais velhos mais relutantes em partilhar informação de carácter mais pessoal do que os indivíduos mais novos.
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