James Paul Gee autor do livro What Video Games Have to Teach Us About Learning and Literacy (2003) tem um vasto conjunto de publicações na área do Game-based Learning. Para além do livro citado, um marco nesta área, destaca-se também um dos seus livros mais recentes, de 2010, escrito em conjunto com Elizabeth Hayes, Women and Gaming: The Sims and 21st Century Learning. James Paul Gee, um investigador na área da Linguística, foi recentemente entrevistado no blogue de Henry Jenkins. Vale a pena ver também o vídeo (5'51'') que acompanha a entrevista:
James Paul Gee from New Learning Institute on Vimeo.
Neste vídeo, Gee apresenta os videojogos como contendo um conjunto de problemas que é necessário resolver para ter sucesso no jogo, ou seja, para ganhar. O seu interesse nos videojogos surgiu pela descoberta das potencialidades de aprendizagem que os videojogos comportam. Os jogos de estratégia em tempo real, como Rise of Nations, que considera os mais complexos, são destacados por representarem desafios mais difíceis do que aqueles que qualquer aluno encontra na escola.
Nas escolas, a avaliação de conhecimentos e a realização de testes marcam os processos de ensino actuais. Os professores ensinam de uma determinada forma porque o processo de avaliação se baseia na realização de testes. Qualquer reforma ou inovação nos actuais sistemas está condicionada pelo facto do paradigma actual se basear nesta forma de avaliação. Nos sistemas actuais, os alunos aprendem uma matéria durante semanas e no final fazem um teste. No caso de um jogo, é impensável submeter o jogador a um teste quando este termina o jogo. O que o jogador tinha para aprender, já aprendeu e provou-o ao concluir o jogo. Isto porque se considera que o designer do jogo será mais competente para avaliar o progresso do jogador do que o autor de qualquer teste a que o jogador pudesse ser submetido no final. Na visão de Gee, aprender será cada vez mais um processo altamente envolvente e imersivo, rico em informação e onde a realização de algo como um teste final será completamente obsoleto.
A aprendizagem deve ser baseada na capacidade para usar factos e informação como ferramentas para resolver problemas num dado contexto, ou seja, ser capaz de realizar algo.
O vídeo termina com Gee a afirmar que nos EUA, pela primeira vez, as escolas têm actualmente verdadeiros concorrentes. Estes são as empresas que produzem conteúdos digitais, personalizados e adaptados às necessidades dos utilizadores. Assim, existem na verdade dois sistemas de ensino: um que existe fora da escola, baseado nos média digitais em que as pessoas produzem o seu próprio conhecimento e outro, na escola, que simplesmente ensina conceitos básicos de literacia e uso de números. Esta dualidade irá provocar a verdadeira mudança no ensino.
Na entrevista, Gee refere ainda que o seu trabalho não é apenas sobre o uso de jogos no ensino. O seu trabalho baseia-se sim no que designa por situated embodied learning. A aprendizagem ocorre pela participação em experiências bem desenhadas, bem acompanhadas e com objectivos claros. O feedback durante o processo é essencial assim como o acesso a informação em tempo real. A interacção social que promova, por exemplo, o pensamento estratégico e crítico, constitui outra característica positiva desta abordagem. Os jogos são uma forma, entre muitas outras, de atingir estes objectivos.
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