Saturday, November 13, 2010

Isaac Asimov: O Futuro da Educação Visto em 1988

Numa entrevista em 1988, Isaac Asimov (1920-1992), cientista e autor de livros de ficção científica, fala sobre o futuro mencionando em particular a sua visão sobre o futuro da educação (são abordados outros temas como a ciência e o universo). A entrevista está disponível num conjunto de vídeos alojados no YouTube:

Isaac Asimov on Bill Moyers World of Ideas pt 1 (9m58s)

Isaac Asimov on Bill Moyers World of Ideas pt 2 (9m58s)



Isaac Asimov on Bill Moyers World of Ideas pt 3 (5m57s)

A parte da entrevista que incide mais directamente sobre a educação e o uso da tecnologia na educação inicia aos 8m29s do vídeo correspondente à parte 1 com a pergunta do entrevistador: "Can we have a revolution in learning?".

Isaac Asimov defende o uso da tecnologia e dos computadores como forma de estimular a criatividade e de evitar que os seres humanos gastem as suas energias a executar tarefas rotineiras que irão inevitavelmente atrofiar as suas capacidade criativas. O uso dos computadores irá ajudar as pessoas a libertarem-se dessas tarefa repetitivas e a poderem dedicar-se a objectivos mais ambiciosos e estimulantes. Deve-se procurar desenvolver a criatividade das pessoas desde a infância ensinando as crianças a valorizá-la.

O ensino é descrito como se tendo iniciado, nos primórdios das civilizações, como um sistema que se pode descrever como "um para um para muito poucos". Ou seja, as famílias que possuíam meios para tal, podiam contratar tutores para ensinar as suas crianças. O ensino era assim fortemente personalizado e acessível a muito poucos. Com a evolução das sociedades, tornou-se necessário educar um maior números de pessoas. O tutor ou professor passou a transmitir os seus conhecimentos a grupos maiores com base num currículo. Foi assim possível chegar a um sistema "um para muitos para a maioria". Com a aplicação das tecnologias ao ensino será possível um sistema "um para um para a maioria" onde as tecnologias se encarregarão da tarefa de transmitir os conhecimentos. Asimov sublinha que este sistema não irá substituir mas sim complementar a escola tradicional.

Na sua antevisão do futuro, assim que nas nossas casas existirem "tomadas" (outlets) que nos permitam aceder a imensas "bibliotecas" poderemos aprender o que quisermos, quando quisermos, ao ritmo que quisermos e a partir das nossas casas. Isto poderá ser feito logo a partir de tenra idade e permitirá que disfrutemos de um verdadeiro prazer com a aquisição de conhecimentos. No actual sistema de ensino (à data da entrevista), as pessoas são obrigadas a aprender a mesma coisa, na mesma altura, no mesmo sítio e ao mesmo ritmo (a este propósito ver também o vídeo Bring on the Learning Revolution de Ken Robinson neste post).

Vale a pena ver o ar um pouco céptico com que o entrevistador, Bill Moyers, escuta as ideias de Isaac Asimov.

A ideia presente no e-learning 2.0 segundo a qual o aprendente está no centro do processo de aprendizagem e controla esse processo já era apontada por Asimov (5m0s da parte 2). Fala também da aprendizagem ao longo da vida, um tema incontornável hoje em dia mas ainda estranho em 1988.

Note-se que em 1988 a Internet era praticamente desconhecida do grande público. Asimov morreu um ano depois de Tim Berners-Lee ter iniciado a World Wide Web. O conceito de e-learning era ainda uma miragem. No entanto, a visão de Isaac Asimov está provada, não tendo ele infelizmente vivido o suficiente para a confirmar.

Isaac Asimov, que possui um doutoramento em Química, afirma ter escrito relativamente poucos livros sobre o tema: "I know too much Chemistry to get excited over it". No que toca à Astronomia, apesar de ser um assunto relativamente ao qual não recebeu formação, o seu grande interesse pelo tema motivou-o a procurar saber o mais possível, tendo escrito muito mais livros sobre Astronomia. Asimov afirma ser fácil aprender um novo assunto desde que estejamos suficientemente interessados nele.

Na hora da morte poderemos partir com a consciência de que a nossa passagem pela vida não foi em vão e com o prazer de a termos usado bem, aprendendo o máximo possível e conhecendo o que pudermos sobre o universo. Isto porque só temos uma vida e um único universo onde a viver. E terá valido a pena? Todas as ideias que tivemos desaparecerão com a nossa mente? Segundo Asimov, não: "Every idea I've ever had I've written down". As suas ideias permanecerão assim depois da sua morte. Estava certo em relação a isto como em relação a muitas outras coisas.

Friday, November 12, 2010

Education Innovations Timeline

Uma vista cronológica das principais inovações em educação (obtida aqui)



Ver também os posts Evolução do Ensino à Distância e m-learning e o iPad de alguma forma relacionados com esta timeline.

Wednesday, November 10, 2010

Redes Sociais em Portugal

Foi divulgado hoje o estudo A Utilização da Internet em Portugal, sobre o perfil dos utilizadores portugueses (o acesso ao documento completo em pdf pode ser feito aqui). O universo deste estudo é constituído por indivíduos com mais de 15 anos de idade residentes em Portugal Continental.

Alguns factos revelados no que diz respeito a redes sociais:
  • 56,4% dos utilizadores da Internet usa redes sociais;
  • As redes sociais mais populares são: Hi5 (42,6%), Facebook (39,7%), Twitter (7,9%), MySpace (6,6%) e Orkut (5,6%);
  • A maioria dos utilizadores está na faixa dos 15 aos 24 anos.
No que diz respeito ao uso da Internet para fins educativos, 80,5% dos utilizadores nunca participou num programa de educação à distância. Por outro lado, a pesquisa de informação na Internet é apontada por 58,7% dos utilizadores como um auxiliar para as actividades escolares. Por idades, isto verifica-se sobretudo para os utilizadores na faixa 15-24 anos (53,9%), como seria de esperar.

A maioria dos utilizadores (em percentagens próximas dos 60%) afirma nunca ter colocado conteúdos na rede.

O twitter é usado por 15,3% de utilizadores do sexo masculino e 18% do sexo masculino. Os utilizadores mais jovens (15-24 anos) estão em maioria (24,2%).

No que toca ao acesso à Internet este apenas está disponível em 48,8% dos lares portugueses. Apesar do acesso ainda não atingir metade dos lares, regista-se que naqueles em que existe, a maior parte dos acessos (51,4%) são de banda larga.

Para já, dois aspectos importantes revelados:
  • Há ainda um espaço muito grande para crescimento do e-learning, em particular associado à formação profissional e à formação ao longo da vida e
  • A produção de conteúdos por parte dos utilizadores portugueses é ainda reduzida, revelando um perfil de utilização mais próximo da Web 1.0 do que da Web 2.0, apesar da participação em redes sociais já ser significativa.

Friday, November 05, 2010

Tecnologias Emergentes: Gartner Hype Cycle 2010


Este gráfico representa um hype cycle em Agosto de 2010. Um hype cycle é uma representação gráfica do grau de maturidade, nível de adopção e aplicação comercial de tecnologias específicas. O termo é da autoria da Gartner, uma empresa consultora de tecnologias de informação que produziu a antevisão da evolução de diversas tecnologias que está representada acima.

Vale a pena destacar o estado de algumas tecnologias:
  • Os mundos virtuais públicos estão no fundo da fase da curva designada por "Trough of Disillusionment". O microblogging está a descer nesta parte da curva.
  • A computação em nuvem e a TV 3D estão no topo da fase "Peak of Inflated Expectations". A Realidade Aumentada está na fase ascendente da "Peak of Inflated Expectations".
  • Os tablet PCs estão no início da fase de maturidade comercial.
A figura a seguir ajuda a perceber o significado das várias fases do hype cycle:

Riscos e Segurança na Internet: Relatório EU Kids Online

A rede EU Kids Online publicou mais um relatório Risks and Safety on the Internet no passado dia 21 de Outubro. O trabalho foi financiado pelo programa Safer Internet da União Europeia. O relatório apresenta os resultados de um inquérito realizado na Primavera e Verão de 2010 a uma amostra aleatória de 23,420 crianças, entre os 9 e os 16 anos, residentes em 25 países da União Europeia. Os pais das crianças foram igualmente entrevistados. O objectivo do inquérito consistia em avaliar a exposição das crianças e jovens a riscos em linha (acesso a pornografia e conteúdos de natureza sexual ou outros conteúdos nocivos, bullying, encontros presenciais com pessoas conhecidas na Internet e situações de abuso de privacidade). No sítio do projecto estão disponíveis sumários executivos em várias línguas e com dados sobre a realidade particular de cada país, nomeadamente, Portugal.

Alguns factos revelados neste estudo e a reter:
  • O número de crianças e jovens que se sentem incomodadas quando expostas a riscos é reduzido;
  • A maioria dos pais ignora que os filhos já estiveram expostos a ricos quando navegam na Internet;
  • Uma percentagem muito significativa de jovens usa a Internet para apoio a actividades escolares;
  • O primeiro uso da Internet ocorre cada vez mais cedo (em média, aos 8 anos nos países do Norte da Europa);
  • A generalidade das crianças e jovens, particularmente os mais velhos, possuem um perfil numa rede social;
  • O acesso à Internet ocorre a partir de casa ou da escola começando também a ganhar peso o acesso a partir de dispositivos móveis.
A divulgação do relatório completo está prevista para Novembro de 2010.