Thursday, April 29, 2010

Wikis em E-learning

Um wiki é um website que pode ser facilmente editado por qualquer utilizador autorizado. O exemplo mais conhecido deste tipo de ferramentas é a Wikipedia. Os wikis são ferramentas colaborativas que proporcionam o desenvolvimento de trabalho de grupo. Cada utilizador pode editar conteúdos já existentes, inclusivamente apagá-los e pode criar novos conteúdos. Os wikis normalmente mantêm um histórico que permite aceder a versões anteriores de um determinado conteúdo e funcionalidades que permitem repor versões antigas. A Wikipedia é também um bom exemplo da aplicação da inteligência colectiva que caracteriza a Web 2.0. No entanto, o facto de qualquer utilizador poder editar conteúdos tem obviamente desvantagens pois são possíveis actos maliciosos sobre esses conteúdos. É também aqui que a inteligência colectiva actua monitorando os conteúdos activos. A expressão “inteligência colectiva” (no original, “wisdom of crouds”) é atribuída a James Surowiecki, um colunista do jornal The New Yorker que a divulgou num livro com o mesmo nome). Este conceito revela o bom senso que resulta da tomada de decisões em consenso.

O termo wiki teve origem na expressão "wiki wiki" que significa “rápido" na lingua havaiana. Também tem sido considerada como acrónimo para “what I know is” (o que eu sei é). Ward Cunningham, um programador americano foi o autor do primeiro software wiki, a WikiWikiWeb, lançado em 1994.O objectivo consistia em conseguir uma ferramenta que permitisse partilhar e editar documentos de forma colaborativa.

A utilização de wikis no ensino permite a realização de trabalhos de grupo e o desenvolvimento de outras actividades colaborativas, permitindo a interacção entre professores e alunos. O professor pode acompanhar a evolução do trabalho desenvolvido por alunos analisando o histórico de modificações. Com os wikis é também possível construir comunidades de aprendizagem. A distribuição de informação aos alunos e a produção colaborativa de conteúdos são outras possibilidades de utilização de wikis assim como a produção de FAQ sobre um determinado conteúdo ou curso.

Na aplicação de wikis ao ensino destacam-se as características seguintes:
  • Criação e utilização gratuitas, apesar de existirem também serviços pagos.
  • Os conteúdos podem ser editados e actualizados em qualquer momento.
  • Permitem criar um ambiente colaborativo entre os alunos e entre estes e os professores.
  • Vulnerabilidade de conteúdos, uma vez que podem ser livremente alterados, eliminados ou adulterados, obrigando a controlo.
Existem disponíveis on-line diversas ferramentas que permitem criar wikis. Dessas ferramentas pode-se destacar a PBworks, anteriormente designada por PBwiki. No site Wikimatrix é possível encontrar uma listagem muito completa de várias aplicações que permitem criar wikis. A PBworks é referenciada como a ferramenta mais usada a nível empresarial e na área do ensino. Este site permite ainda apresentar quadros comparativos das funcionalidades de aplicações seleccionadas. A Wikipedia apresenta também uma lista similar.

Wednesday, April 28, 2010

Blogs no E-learning 2.0

Um blog ou web-log é um website que apresenta posts por ordem cronológica inversa. Um post pode ser um parágrafo de opinião, de informação diversa ou carácter pessoal (como um diário), podendo conter ligações para outros websites. O termo weblog é atribuído a Jorn Barger que o terá inicialmente referido em 1997 e que mantém o blog Robot Wisdom.
Os blogs podem também permitir a colocação de comentários por parte dos visitantes. A cada post podem ser associadas tags que permitem a sua classificação. Esta classificação é útil para recuperar o post após o seu arquivamento (muitos blogs mantêm arquivos dos posts mais antigos) ou para o associar a posts sobre o mesmo tema. Um blog pode ser mantido por uma única pessoa ou por várias.
A criação de um blog é um processo simples e acessível a qualquer utilizador. Existem aplicações gratuitas na Web que permitem, criar e gerir blogs, bem como armazenar o seu conteúdo com o por exemplo o Blogger. Para usar esta aplicação basta possuir uma conta Google (foi adquirida pela Google em 2003).
Entre os utilizadores de blogs é habitual o recurso à sindicância de conteúdos usando RSS ou Atom. O conteúdo é organizado em feeds (fontes) que depois podem ser acedidos usando agregadores de feeds e outras ferramentas. Os navegadores de Internet mais recentes possuem já funcionalidades de leitura de RSS. Desta forma, um seguidor de vários blogs pode ser notificado sobre as actualizações desses blogs sem ter de os visitar regularmente.
A comunidade de utilizadores de blogs e o universo dos vários blogs activos, cujo número será na ordem das centenas de milhões, é conhecida pela blogosfera (do inglês blogsphere). Para além de texto, é possível colocar outros conteúdos como fotografias e vídeo e inclusivamente colocar posts partir de dispositivos móveis. A título de exemplo, pode-se referir o blog O’Reilly Radar, da editora O’Reilly, que acompanha e comenta as tendências tecnológicas, particularmente na área das tecnologias de informação e comunicação. Outro exemplo, de uma área bem diferente, é o blog da Casa Branca, promovido pelo actual presidente dos EUA e que de alguma forma revela a importância que esta forma de comunicar tem vindo a assumir.
Como exemplos de blogs ligados ao mundo das tecnologia podem-se indicar o ReadWriteWeb ou o Engadget.
Existem actualmente dezenas de milhões de blogs registados, com maior ou menor grau de actividade. O website Technorati é um motor de busca colaborativo para blogs que recorre às tags definidas nos posts dos blogs.

A utilização de blogs em sistemas de e-learning 2.0 é útil para a participação individual de cada aluno, divulgando as suas opiniões sobre determinado assunto ou resultados de trabalhos desenvolvidos, sujeitando-as à apreciação de outros que podem colocar comentários no blog. Os blogs permitem a partilha de conhecimentos e experiências e contribuem para o desenvolvimento de comunidades de prática. Outra aplicação dos blogs é a sua utilização para a criação de portefólios digitais. Os blogs também têm sido usados para produzir ambientes de aprendizagem dinâmicos, não exigindo aos professores conhecimentos de HTML, e para suportar trabalho colaborativo. Um professor pode também usar um blog para manter informação actualizada sobre as actividades de um curso e disponibilizar artigos relacionados com os conteúdos e outros recursos.
As características dos blogues úteis do ponto de vista da sua aplicação ao ensino são as seguintes:
  • Criação e utilização gratuitas;
  • Facilidade de criação e manutenção exigindo apenas competências técnicas básicas;
  • Interactividade através da publicação de conteúdos que podem ser comentados;
  • Facilidade de actualização, bastando um acesso à Internet (o blog pode ser actualizado a partir de dispositivos móveis);
  • Possibilidade de interligação com outros blogs e sites;
  • Elevado dinamismo pela rapidez e facilidade de publicação de conteúdos.
Os blogs são uma das principais ferramentas usadas no campo do ensino (provavelmente por ser mais antiga e com larga divulgação). Os blogs são usados individualmente por professores, alunos ou gestores de instituições de ensino para além de integrarem as próprias actividades pedagógicas.
A importância dos blogs no ensino é ilustrada pela visão de Stephen Downes: “the e-learning application, therefor, begins to look much like a blogging tool”.

Tuesday, April 13, 2010

Tecnologia no Ensino

Uma visão interessante sobre a aplicação da tecnologia no ensino com uma visão do caso de Portugal. George Siemens é autor do Conectivismo, uma teoria de aprendizagem que reflecte as realidades do uso de tecnologias no ensino, em particular da Web 2.0.

Web 2.0

Talvez a melhor forma de definir o conceito que se popularizou sob a designação de “Web 2.0” seja a afirmação de Dion Hinchcliffe: “Web 2.0 is made of people” (A Web 2.0 é feita de pessoas). A designação popularizou-se a partir de 2004 sendo atribuída a Dale Dougherty, vice-presidente da O´Reilly Media, uma editora de livros técnicos na área da computação. O termo foi mais tarde definido por Tim O’Reilly, o fundador da O´Reilly Media, que apresentou a Web 2.0 como sendo uma visão da World Wide Web como uma plataforma. Curiosamente, existem referências anteriores a uma Web 2.0, alegadamente feitas em 1999 por Darcy DiNucci que antevia uma Web mais interactiva e mais presente no nosso quotidiano. A aplicação do termo não é, no entanto, consensual, contando mesmo com a oposição do próprio criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee.

Existem várias definições sobre o que é a Web 2.0 como a que é proposta por Tim O´Reilly: A Web 2.0 é a rede como plataforma, abarcando todos os dispositivos conectados As aplicações Web 2.0 são aquelas que aproveitam ao máximo as vantagens intrínsecas dessa plataforma:
  • Fornecimento de software como serviço continuamente actualizado e que melhora quanto maior for o número de pessoas que o usam;
  • Consumo e remistura de dados de várias fontes, incluindo os de utilizadores individuais que, ao fornecer os seus próprios dados e serviços, permitem a reutilização por outros;
  • Criação de efeitos de rede através de uma "arquitectura de participação".
  • Existem outras definições idênticas como a proposta por Michael Platt ou a que é fornecida pela Wikipedia (que é também um dos bons exemplos da Web 2.0), contando também com uma versão na Simple English Wikipedia: Web 2.0 é a designação da nova forma de usar a Internet:
  • Web 2.0 é simples: qualquer pessoa pode facilmente publicar conteúdos;
  • Web 2.0 é social: é fácil as pessoas ligarem-se com outras pessoas:
  • Web 2.0 é aberta: sites web e aplicações podem facilmente trocar informação com outras fontes.
Mais do que representar inovações tecnológicas, as definições acima revelam que o termo marca uma nova forma de utilização da Web. Enquanto que na Web 1.0, o utilizador era sobretudo um consumidor de informação, sendo poucos os que a produziam, na Web 2.0 os utilizadores são simultaneamente produtores e consumidores de informação. Essa informação assume os formatos de texto, áudio e vídeo. A classificação desses conteúdos (tagging), a sua partilha e troca de comentários trouxe a dimensão social à Web gerando comunidades de utilizadores. Estas comunidades originaram as conhecidas redes sociais como o Facebook, o MySpace ou o LinkedIn. Estas redes podem ter um carácter meramente lúdico ou servir propósitos de natureza profissional.
As aplicações da Web 2.0 caracterizam-se pela sua permanente actualização e evolução dizendo-se que se encontram num estado designado por “beta perpétuo” (permanent beta).
Outra inovação introduzida pela Web 2.0 foram as “mashups”. Este termo designa um tipo de aplicações que usam conteúdos de mais do que uma fonte, criando um novo serviço. Qualquer utilizador, teoricamente, pode aplicar este conceito, combinando dados de diferentes origens e gerando um novo serviço designado por mashup, um termo com origem no universo da música indicando a combinação de duas peças musicais distintas, muitas vezes de épocas e géneros também distintos, dando origem a uma nova peça musical. As aplicações “mashup” mais populares combinam informação georeferenciada, num mapa web, com informação de outras fontes (por exemplo, associar uma morada ou uma referência a um local com uma localização num mapa). A característica de qualquer utilizador poder criar este tipo de aplicações e a possibilidade de juntar informação de diferentes fontes ilustra os conceitos de simplicidade e abertura da Web 2.0 expressa na definição da Simple English Wikipedia apresentada acima.

A Web 2.0 trouxe assim uma nova forma de ver e de usar as tecnologias de informação e comunicação. As tecnologias, as aplicações e as redes passam a ser vistas como uma plataforma de prestação de serviços a comunidades de utilizadores. Estas comunidades são constituídas por pessoas que partilham informação e experiências, interagem de forma colaborativa, para fins lúdicos, profissionais e de enriquecimento pessoal. O utilizador das redes de comunicação deixa de ser um consumidor de informação para ser também, em simultâneo, um produtor. A informação ganha valor acrescentado através da partilha e da contribuição de diversos utilizadores. Esta utilização activa e participativa contribui para o desenvolvimento de uma inteligência colectiva.

As novas tendências colocadas pela Web 2.0 têm consequentemente efeitos em todas as áreas onde as tecnologias de informação e comunicação estão presentes. As áreas do ensino e da formação, e em particular o e-learning, não foram excepção. Esta mudança de paradigma da Web originou também o e-learning 2.0.

As ideias principais que constituem o paradigma da Web 2.0 e particularmente a parte que poderá interessar mais directamente ao ensino podem ser sintetizadas nas visões de três importantes referências no universo da Web (Tim Berners-Lee, cuja visão de uma Web participativa é anterior à Web 2.0 e Tim O’Reilly) e do e-learning (Stephen Downes):

I have always imagined the information space as something to which everyone has
immediate and intuitive access, and not just to browse, but to create.
” (Tim Berners-Lee).

There’s [in Web 2.0] an implicit ‘achitecture of participation’, a built-in ethic of cooperation, in which the service acts primarily as an intelligent broker, connecting the edges to each other and harnessing the power of the users themselves." (Tim O’Reilly).

For all this technology, what is important to recognize is that the emergence of the Web 2.0 is not a technological revolution, it is a social revolution.” (Stephen Downes).

Sunday, April 11, 2010

José Saramago e o Twitter

O prémio Nobel da literatura de 1998, José Saramago, comentando a utilização do Twitter:

"Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido".

Em entrevista ao jornal brasileiro “O Globo” em 27.07.2009.

Tuesday, April 06, 2010

Da Web 1.0 à Web 2.0

Talvez a melhor forma de definir o conceito que se popularizou sob a designação de “Web 2.0” seja a afirmação de Dion Hinchcliffe: “Web 2.0 is made of people” (A Web 2.0 é feita de pessoas). A designação popularizou-se a partir de 2004 sendo atribuída a Dale Dougherty, vice-presidente da O´Reilly Media, uma editora de livros técnicos na área da computação. O termo foi mais tarde definido por Tim O’Reilly, o fundador da O´Reilly Media, que apresentou a Web 2.0 como sendo uma visão da World Wide Web como uma plataforma. Curiosamente, existem referências anteriores a uma Web 2.0, alegadamente feitas em 1999 por Darcy DiNucci que antevia uma Web mais interactiva e mais presente no nosso quotidiano. A aplicação do termo não é, no entanto, consensual, contando mesmo com a oposição do próprio criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee.

Existem várias definições sobre o que é a Web 2.0 como a que é proposta por Tim O´Reilly: A Web 2.0 é a rede como plataforma, abarcando todos os dispositivos conectados As aplicações Web 2.0 são aquelas que aproveitam ao máximo as vantagens intrínsecas dessa plataforma:
  • Fornecimento de software como serviço continuamente actualizado e que melhora quanto maior for o número de pessoas que o usam;
  • Consumo e remistura de dados de várias fontes, incluindo os de utilizadores individuais que, ao fornecer os seus próprios dados e serviços, permitem a reutilização por outros;
  • Criação de efeitos de rede através de uma "arquitectura de participação".
Existem outras definições idênticas como a proposta por Michael Platt ou a que é fornecida pela Wikipedia (que é também um dos bons exemplos da Web 2.0), contando também com uma versão na Simple English Wikipedia: Web 2.0 é a designação da nova forma de usar a Internet:
  • Web 2.0 é simples: qualquer pessoa pode facilmente publicar conteúdos;
  • Web 2.0 é social: é fácil as pessoas ligarem-se com outras pessoas:
  • Web 2.0 é aberta: sites web e aplicações podem facilmente trocar informação com outras fontes.
Mais do que representar inovações tecnológicas, as definições acima revelam que o termo marca uma nova forma de utilização da Web. Enquanto que na Web 1.0, o utilizador era sobretudo um consumidor de informação, sendo poucos os que a produziam, na Web 2.0 os utilizadores são simultaneamente produtores e consumidores de informação. Essa informação assume os formatos de texto, áudio e vídeo. A classificação desses conteúdos (tagging), a sua partilha e troca de comentários trouxe a dimensão social à Web gerando comunidades de utilizadores. Estas comunidades originaram as conhecidas redes sociais como o Facebook, o MySpace ou o LinkedIn. Estas redes podem ter um carácter meramente lúdico ou servir propósitos de natureza profissional.

As aplicações da Web 2.0 caracterizam-se pela sua permanente actualização e evolução dizendo-se que se encontram num estado designado por “beta perpétuo” (permanent beta).
Outra inovação introduzida pela Web 2.0 foram as “mashups”. Este termo designa um tipo de aplicações que usam conteúdos de mais do que uma fonte, criando um novo serviço. Qualquer utilizador, teoricamente, pode aplicar este conceito, combinando dados de diferentes origens e gerando um novo serviço designado por mashup, um termo com origem no universo da música indicando a combinação de duas peças musicais distintas, muitas vezes de épocas e géneros também distintos, dando origem a uma nova peça musical. As aplicações “mashup” mais populares combinam informação georeferenciada, num mapa web, com informação de outras fontes (por exemplo, associar uma morada ou uma referência a um local com uma localização num mapa). A característica de qualquer utilizador poder criar este tipo de aplicações e a possibilidade de juntar informação de diferentes fontes ilustra os conceitos de simplicidade e abertura da Web 2.0 expressa na definição da Simple English Wikipedia apresentada acima. Uma lista regularmente actualizada de mashups pode ser encontrada no endereço http://www.programmableweb.com/mashups.

A Figura abaixo apresenta algumas das aplicações e serviços da Web 2.0 mais característicos da Web 1.0 e da Web 2.0 e revela a evolução de um paradigma para outro.